Ano 2020
Trabalho Profissional e Trabalho Reprodutivo no Imaginário Coletivo de Universitárias
Autora: Bruna Risquioto Batoni
Orientadora: Tania Maria José Aiello Vaisberg
Resumo:
O objetivo do presente estudo é investigar o imaginário coletivo de universitárias sobre a dupla jornada feminina na perspectiva da psicologia psicanalítica concreta. Justifica-se a partir da observação corrente e da experiência clínica que indica que as mulheres vivenciam sofrimentos associados ao fato de viverem numa sociedade que as onera com a necessidade de conciliar atividades profissionais com responsabilidades domésticas. Organiza-se como pesquisa qualitativa com o método psicanalítico,
articulada ao redor de uma entrevista psicológica coletiva com 30 estudantes, mediada pelo Procedimento Desenho-Estória com Tema. Os próprios desenhos e histórias, elaborados pelas participantes, bem como uma narrativa transferencial do encontro, constituem o registro do material da pesquisa. As manifestações dos participantes foram consideradas psicanaliticamente, possibilitando a interpretação de um campo de sentido afetivo-emocional, “Meu dinheiro, meu conforto e minha
diversão”, que se organiza ao redor da fantasia de que a mulher é bem-sucedida quando é financeiramente independente, vive com conforto e usufrui de lazer de boa qualidade. O quadro geral indica que as participantes imaginam que a mulher bem sucedida é aquela que alcança independência financeira que lhe permita usufruir de conforto e lazer. Ter um trabalho altamente significativo, do ponto de vista da realização pessoal, casar-se e ter filhos não figuram como aspirações relevantes. Desse modo, parecem escapar da dupla jornada por meio do cultivo de um marcado individualismo e pela perspectiva de uma vida voltada para a satisfação das próprias necessidades.
Palavras-chave: mulheres, sofrimento social, dupla jornada, imaginário coletivo, método psicanalítico.
Batoni, B. R. (2020) Trabalho Profissional e Trabalho Reprodutivo no Imaginário Coletivo de Universitárias. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 115p.
Gênero e Drogas: imaginário de trabalhadores de um serviço de saúde mental
Autora: Debora Ortolan Fernandes de Oliveira
Orientadora: Tania Maria José Aiello Vaisberg
Resumo:
O presente estudo objetiva investigar o imaginário coletivo de trabalhadores de um serviço de saúde mental pública sobre a usuária de drogas, na perspectiva da psicologia psicanalítica concreta. Justifica-se na medida em que a sociedade contemporânea se organiza, em muitos aspectos, de acordo com normas de gênero, que podem interferir na forma como pessoas em geral – e trabalhadores da área da
saúde mental em particular – se relacionam com as usuárias. Organizado como pesquisa qualitativa com método psicanalítico, abordou 12 trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas em entrevistas psicológicas coletivas articuladas ao redor do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. A consideração psicanalítica do material permitiu a produção interpretativa de quatro
campos de sentido afetivo-emocional: “Vida cruel”, “Substância maléfica”, “De mal a pior” e “Salva pela maternidade”. Constata-se uma divisão no que tange à concepção da dependência de substâncias como determinada pela dramática do viver ou causada pela ação psicofarmacológica da própria droga sobre o organismo. Nota-se também uma convergência de visões pessimistas no que diz respeito à impossibilidade de superação do problema, que não se altera em função do gênero do usuário, tendência que se modifica quando se imagina que tornar-se mãe pode curar a mulher. O quadro geral impõe a conclusão de que a combinação entre a lucidez expressa pelo campo “Vida Cruel” e o pessimismo contido no campo “De mal a pior” anuncia que, de acordo com o imaginário dos participantes, o uso de drogas se vincula fortemente ao contexto de pobreza e desigualdade social. Ao mesmo tempo, indica que o gênero se faz importante quando vinculado à condição materna.
Palavras-chaves: gênero, drogas, trabalhadores, imaginários coletivos, sofrimentos sociais, método psicanalítico.
Oliveira, D. O. F. de (2020). Gênero e drogas: Imaginário de Trabalhadores de um Serviço de Saúde Mental. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 126p.
A experiência vivida de mães de filhos diagnosticados como autistas e sofrimento social
Autora: Marian Miranda Fabris Zavaglia
Orientadora: Tania Maria José Aiello Vaisberg
Resumo:
O presente estudo tem por objetivo compreender psicanaliticamente a experiência vivida de mulheres que têm filhos que apresentam condições especiais, as quais, afetando a conquista de independência e autonomia, exigem cuidados constantes e duradouros, que podem se estender por toda a vida. Justifica-se como produção de conhecimento clinicamente relevante no acompanhamento de mães que lidam com situações problemáticas na sociedade contemporânea, na qual vigem imaginários coletivos que, sendo fortemente exigentes em relação às formas como se concretiza a maternidade, geram sofrimentos sociais. Organiza-se como pesquisa qualitativa com método psicanalítico, a partir da utilização de um artificio metodológico, que consistiu na tomada de uma situação emblemática que se define pelo fato do filho ter sido diagnosticado como autista. O material de pesquisa foi produzido a partir de quatro entrevistas psicológicas individuais de mães de crianças autistas durante as quais foi usado o Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. As entrevistas, registradas sob forma de narrativas transferenciais, foram consideradas, juntamente aos desenhos e as histórias, em termos da produção interpretativa de campos de sentido afetivo-emocional, vale dizer, de inconscientes intersubjetivos. Por essa via, chegamos à criação/encontro dos seguintes campos de sentido afetivo-emocional: “É culpa da mãe”, “Dedicando-se exclusivamente” e “Cuidado espontâneo”. O quadro geral revela que a maternidade, no contexto do autismo, pode ser vivenciada de duas maneiras distintas, que podem ir se alternando ao longo da experiência materna. Se por um lado, a vivência materna pode envolver fortes exigências e pressões autodirigidas ou vindas do ambiente externo, por outro, pode fluir como gesto espontâneo de atenção com alguém que demanda cuidado especial, o que favorece a emergência de sentimentos autênticos de gratificação e carinho.
Palavras-chave: Autismo, Maternidade, Sofrimentos sociais, Método psicanalítico
Zavaglia, M. M. F. (2020). A experiência vivida de mães de filhos diagnosticados como autistas e sofrimento social. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Campinas/SP, 106p.