Ano 2021
Encontros com o Cuidado Infantil e a Maternidade: investigando imaginários coletivos
Autor: Carlos Del Negro Visintin
Orientadora: Tania Maria José Aiello Vaisberg
Resumo:
Esta tese objetiva investigar imaginários coletivos sobre o cuidado infantil e a maternidade. Justifica-se como produção de conhecimento compreensivo que pode contribuir para aprimorar a clínica psicológica, em vertentes preventivas e interventivas, bem como trazer subsídios para movimentos sociais que visem proteger a infância e melhorar a condição de vida da mulher. Articula-se metodologicamente por meio da abordagem de 36 estudantes de medicina, escolhidos como participantes por estarem engajados numa formação que propicia proximidade com mães, que são as acompanhantes habituais de crianças quando essas demandam atendimentos médicos. O material foi produzido em entrevistas psicológicas coletivas organizadas ao redor do uso do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. A consideração psicanalítica do material permitiu a produção interpretativa de cinco campos de sentido afetivo emocional, nomeados como “Sublime amor”, “Mater dolorosa”, “Dedicação exclusiva”, “Conciliando atividades” e “Nem fada, nem bruxa”. Tais campos se configuram segundo dois arranjos imaginativos diferentes, formando dois supracampos: “Mãe-maravilha” e “Mulher comum”. Em conjunto, os resultados interpretativos apontam para um predomínio de marcada idealização da figura materna, imaginada como biologicamente preparada para ser forte, poderosa e capaz de generosidade ilimitada. Colocando-se como padrão inalcançável para as mães reais e concretas, tal idealização gera efeitos nocivos sobre a subjetividade feminina, servindo, portanto, à opressão da mulher. Além disso, carrega, de forma subliminar, a insinuação de que aquela cuja conduta não segue à risca o esperado estaria, de algum modo, violando leis da natureza. Aparecem, também, ainda que de modo raro, concepções segundo as quais o cuidado infantil, seria tarefa materna, mas não exigiria que a mãe fosse uma pessoa extraordinária. Por outro lado, constata-se a ausência de concepções vinculadas à ideia de que cuidar é trabalho reprodutivo, que pode ser assumido por adultos independentemente de sua condição de gênero. O quadro geral aponta para certo conservadorismo, no âmbito do qual ainda não despontaram visões que permitam que o cuidado infantil direto, um dos trabalhos de maior efeito na realização
do potencial ético e afetivo do ser humano, possam ser compartilhados entre homens e mulheres adultos, não apenas no âmbito da família nuclear, mas também da família extensa, da comunidade e das instituições sociais.
Palavras-chave: cuidado infantil, maternidade, psicologia clínica, pesquisa qualitativa, método psicanalítico.
Visintin, Carlos Del Negro. (2021) Encontros com o cuidado infantil e a maternidade: investigando imaginários coletivos. Tese (Doutorado em Psicologia) – Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 209p.
“Quem Cuida é a Mãe”: imaginário coletivo de mediadores judiciais sobre cuidado dos filhos
Autora: Gisele Meirelles Fonseca-Inacarato
Orientadora: Tania Maria José Aiello Vaisberg
Resumo:
A presente tese tem como objetivo investigar imaginários coletivos sobre criação dos filhos na contemporaneidade. Justifica-se na medida em que as recentes transformações, derivadas do ingresso da mulher no mercado de trabalho, não parecem ter alterado o imaginário segundo o qual a mãe biológica seria a melhor cuidadora dos filhos. Organiza-se, metodologicamente, adotando a perspectiva da psicologia psicanalítica concreta, por meio de entrevistas psicológicas coletivas, durante as quais 12 mediadores judiciais, escolhidos como participantes pelo fato de serem frequentemente convocados a atuar em casos de separação de casais com filhos em comum, foram abordados por meio do uso do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. Após abordar o material em termos daquilo que se apresentava no campo da consciência dos participantes, passamos a considerá-lo à luz do método psicanalítico, o que permitiu a produção interpretativa de quatro campos de sentido afetivo
emocional ou inconscientes intersubjetivos: “Quem cuida é a mãe”, “Pai presente”, “Pais brigando, filhos prejudicados” e “Pais dialogando, filhos preservados”. O quadro geral indica que predomina, entre os participantes, um imaginário conservador, conforme o qual o melhor cuidado infantil é aquele
proporcionado pela mãe biológica no contexto da família nuclear. Também ficou evidenciada a crença de que a qualidade do vínculo conjugal está diretamente ligada ao bem-estar dos filhos, podendo dificultar a distinção entre questões da conjugalidade e funções relacionadas à parentalidade.
Palavras-chave: Psicologia Clínica, Parentalidade, Divórcio, Cuidado Infantil, Imaginário Coletivo, Método Psicanalítico.
Fonseca-Inacarato, G. M. (2021). “Quem cuida é a mãe”: Imaginário coletivo de mediadores judiciais sobre cuidado dos filhos (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 218p.